• Solstício de Inverno

    Rumou a uma cabine telefónica desligada da rede.
    Montada para falar com quem não está.
    Telefonou a um número não atribuído para encarar com empatia aquilo que não conhece.
    O desamparo e a dor.
    Em busca de algum consolo.

    Estava ocupado.

    — Jan 2025

  • O covil dos pássaros

    Os pássaros cheios de sono vão ao conforto do seu próprio ninho.
    Descem às entranhas da terra para depois subir.
    A acção de caçar minhocas ilumina a esperança e a tragédia ao mesmo tempo.
    Num espectáculo intimista. 


    Um bando é uma orquestra sinfónica largada aos ceús.
    Um diálogo sobre liberdade para defender e celebrar.

    Um experimentalismo de mãos mortas em segundo acto.
    Cenas curtas e números musicais.
    Inquietações, angústias, sonhos e desejos impactados pela maturidade de um voo. 
    Asas em soprano para relevar uma viagem pelo mundo e a vida das folhas.

    O espaço de performance transforma-se num laboratório vivo de investigação.
    Onde as crianças são apenas espectadoras dos pássaros que moldam segredos em círculos em torno dos seus próprios corpos. 

    Em estágio o bando procura um futuro possível num outro lugar distante.
    A viagem é tanto exterior, no confronto com todos os perigos e todas as lutas,
    como interior, dentro do dorso que sentem.


    — Jan 2025

  • Mão porta vai bater àquela porta

    Começamos no vazio.
    Curiosa uma mão dá-se a outra.
    Como se fosse uma encenação do vento.

    Cada mão é agora um mapa.

    — Jan 2025